segunda-feira, 1 de novembro de 2010

01/11/2010 ou “Nunca antes na história...”


“Nunca fomos tão brasileiros!”

Eu tentei, juro que tentei! Fiz um esforço considerável pra me manter acoradado e ecompanhar a apuração dos votos do segundo turno e, como já era esperado, assistir ao vivo a consagração da primeira “presidenta” da história deste país! Pra falar a verdade, a “sonolência” começou junto com o período de campanha eleitoral. De um lado a campanha do Serra atacando, a da ministra Dilma figindo que não é com ela e a Marina comendo pelas beiradas (mesmo ficando claro que não ia dar em muita coisa – e que até deu, em 20 milhões de votos). E mesmo no segundo turno quando, já “conhecendo o inimigo”, as duas campanhas partiram para um enfrentamento mais efetivo, por assim dizer, continuei com sono. Quem conhece este que vos escreve deve estar se perguntando: “Mas que diabos um infeliz iletrado, que vota nulo e se orgulha disso, acha que está fazendo falando em eleição??? Ele nem pode abrir a boca porque, anulando seu voto está se anulando, tirando o corpo fora” Ok, seja lá por que motivo for, deu vontade de escrever uma penca de coisas sobre eleição, sobre o meu e o seu voto, e por aí vai...

Em preimeiro lugar, votar nulo não tem necessariamente haver com tirar o corpo fora. O fato de anular meu voto tem muito mais haver com não me conformar com a idéia de ser obrigado a participar de um determinando processo. Seja lá qual for minha posição com relação ao mesmo. Na verdade, tenho um problema seríssimo com tudo que me é imposto, empurrado goela abaixo, atochado no @#$%^! Do tipo o “...cale a boca e consuma, cale a boca e consuma, você não tem direito de duvidar!”, da Plebe Rude se referindo a censura, lá atrás, em mil novecentos e oitenta e tal... Alistamento militar, voto obrigatório, enfim, tudo isso me irrita profundamente. Sendo assim: como o Estado não me dá o direito de duvidar e, simplesmente, ficar em casa no dia das eleições, vou ate lá e digito “0”, sempre foi assim. Não para me abster, mas por ser a única forma através da qual o Estado me permite expressar minha indignação com o voto obrigatório... Coligações, voto de legenda, voto em branco (afinal, conta ou não conta? caso não, qual a diferença dele pro nulo?), são alguns dos motivos que me impedem de participar de um processo que é imposto, mas não é claramente explicado pra maior parte da população. Tipo linguagem de advogado: tem coisas que só determinado “meio” entende, pra ninguém se atrever a questionar. Sendo assim, me recuso a fazer parte (mesmo que não me dêem essa opção) do processo. Só isso!


De alguma forma o meu Voto Nulo, que escandaliza militantes partidários e crentes na nossa política, me soa tão ”inversamente lógico (nem eu entendi essa...rsrsrs)” quanto o voto consciente (???) dos mesmos. Senão vejamos: Você sabe o nome do presidente de seu partido? Prefiro acreditar que sim. Mas e o presidente do seu partido, sabe seu nome??? Duvido. Como alguém ou um grupo, propõe te representar seja lá onde for sem sequer saber de seus anseios e necessidades mais básicas (nem em condomínio isso soa aceitável)? Trata-se de uma relação, por demais, desigual. Não me convence. Ok, tenho amigos inteligentes (bem mais que eu, o que não exige muito esforço) e esclarecidos que defendem a militância partidária fervorosamente. Nenhum conseguiu me convencer a levantar uma bandeira que não diz nada, ou muito pouco, a meu respeito. De volta a meu Voto Nulo: eu poderia simplesmente não ir e justificar (mentir sobre) minha ausência. Me soa hipócrita, covarde, estúpido, enfim. Talvez eu respeite mais (e me importe com) o Estado do que ele a mim...


“O poder do sim ou não, as letras em negrito...”

Mas vamos dizer que o Estado me permitisse raciocinar e chegar a concluão que não deveria participar das eleições, seja por qual motivo for; ainda assim votaria nulo. Também não estou convencido de que a classe política trabalha em benefício do cidadão. Sendo eles agentes públicos, deveriam fazê-lo. Concordam? Trata-se de uma classe que trabalha, unica e exclusivamente, em benefício próprio. Apenas para eles e seus iguais, nada além. Fora minhas crenças político-filosóficas, se é que podemos chamar assim, tem o fato de duvidar do processo eletoral em si. Tipo o seguinte: Não sei se importa muito quem é ou não eleito. Acredito que esse ou aquele grupo político pode tomar decisões ou medidas que “facilitem” a vida de determinada parcela da população. Mas não acredito que as decisões relacionadas aos rumos de nosso país não passem, majoritáriamente, pelas garras da industria farmaceutica, mídia de massa, multinacionais, grandes empreiteiras, enfim. São muitos interesses envolvidos nos “rumos de nossa nação”. Não sei até que ponto os poucos que realmente tem e ganham dinheiro por aqui, confiariam o futuro de seus negócios a um congresso formado por, entre outros, pagodeiros, jogadores de futbeol e (agora) mulheres-fruta e até palhaços (nada contra a classe dos palhaços, ok?)! Muito menos, entregar seus lucros e suas fortunas nas mãos de uma população carente de educação e informação.

Aliás, a vitória nas urnas (???) de um analfabeto (chegaram a uma conclusão?) foi capaz de causar mais polêmica que as dezenas de mulheres-fruta, pastores, jogadores de futebol e criaturas afins que vão junto com o(s) palhaço(s) pra Brasília. O pior, é que a eleição do palhaço Tiririca levanta uma questão, ao meu ver, mais importante que o fato dele saber ou não assinar o próprio nome (até que se prove o contrário, a condição primordial pra se considerar ou não alguém alfabetizado). A partir de que momento chega-se à conclusão de que o sujeito não-alfabetizado pode escolher se quer ou não votar, mas não permitem ao mesmo pleitear um cargo público? Soa, no mínimo, absurdo! O analfabeto pode dar seu voto pra esse ou aquele candidato (ou partido), mas não pode ser eleito, ou mesmo eleger alguém que o represente, se este for, assim como ele, não-alfabetizado.


“New Maps of Hell...”

Seja como for, e levando tudo isso aí em cima em consideração, acordei nessa manhã de segunda-feira em meio a um feriadão (o alto índice de abstenções foi por causa disso? ou, de repente, sou eu que não esotu nem aí?) e com uma sensação familiar: A de que muito pouca coisa vai mudar. Nem pra um lado, nem pro outro. Digo isso com relação a tal continuidade do governo Lula, que não virá tão fácil pois a dona Dilma vai ter pela frente uma oposição como nunca se viu na história deste país (três vezes PT? “neguinho” não vai deixar barato assim...rsrs)! A história de que “O Brasil pode mais” também não é fácil de engolir, ao menos não com o Serra. Já que, reconheço, muitas medidas e programas surgidos nos oito anos de governo petista, no mínimo, deram uma sensação de melhora para as camadas mais pobres da sociedade e de estabilidade pra uma parte da classe média. Sem esquecer do Real, daquela gracinha do FHC (da turma do Serra), que garantiu a tal estabilidade. Tá vendo? Acaba dando, meio que, no mesmo. E mesmo quando os dois lados da moeda (que pra mim são um só) parecem pensar na população, dão um jeitinho de adiantar o próprio lado. Tipo “morde e assopra”. Tiram de um lado e dão do outro. Mas sempre no limite do que é interessante pra eles. Não importa de que lado estejam, ou a cor da bandeira que levantem; nem azul, nem vermelha... e nem verde também.

Sinceramente me custa acreditar que a ministra e ex-guerrilheira Dilma tenha o jogo de cintura e a moral de seu patrão, Lula (não só pela história de vida e trajetória política, mas pela aprovação popular absurda de seus dois governos). Não só nos assuntos internos mas com relação à política internacional (apesar de uns tropeços aqui e ali...). O que levanta outra questão: Em quatro anos o PT inventa uma outra Dilma? Vai saber... Fato é que, provavelmente, o país terá seus últimos quatro anos de governo petista. O que vem depois? Sei lá, mas apesar do pessimísmo que me acompanha desde sempre, eu queria acreditar. Eu queria acreditar em um monte de coisas: nas lágrimas da Dilma, na sede de vingaça do Serra, no “00 - confirma” que eu digitei ontem à tarde na urna. Queria acreditar em tanta coisa que chego a sentir inveja dos que acreditam. Queria ter terminado meu domingo completamente bêbado vestido de vermelho dos pés à cabeça! Eu ia achar o máximo! Dançar e beber com aquelas pessoas sem setir uma vontade quase incontrolável de pará-las e perguntar: vem cá, você relamente acha que vamos transformar esse país num lugar decente? As instituições públicas vão atender ao interesse do público? A corrupção será reprimida com veemência? Os meios de comunicação e o ascesso à informação serão plenamente democratizados? Os problemas serão atacados de verdade (e com vontade)? O dinheiro vai deixar de falar mais alto (em todas as esferas do poder público)? Sei lá... eu realmente queria acreditar, de coração.

Rafael A.


Trilha sonora de uma segunda-feira pós-eleição:
“O Concreto já Rachou” (Plebe Rude)
“Give me Convenience or Give Death” (Dead Kennedys)
“The Dark Side of The Moon” (Pink Floyd)
“Recipe for Hate” (Bad Religion)
"R ao Contrário" (Plebe Rude)
“Afasia” (Dead Fish)


Na última semana morreram o polvo Paul, a baleia encalhada numa praia em Búzios (RJ) e o Romeu Tuma: Meus sentimentos às famílias do polvo e da baleia.



ps: Desculpem as aberrações gramaticais, erros primários e tudo o mais, ok?




fotos (na ordem em que aparecem):

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